terça-feira, 7 de novembro de 2017

Recordando a Sãozinha da Ponta do Sol.Assassinada pela PSP em 1962

Revolta da Água: Exposição e acampamento entre as iniciativas que assinalam levantamento popular

Uma exposição, uma escultura e um acampamento são algumas das iniciativas que assinalam, a partir de terça-feira, na Lombada da Ponta do Sol, Madeira, o 50.º aniversário da Revolta da Água.

A revolta foi um levantamento popular para impedir que a Junta Geral desviasse água de rega da levada do Moinho, na Ponta do Sol, para outro canal, que culminou na morte de uma jovem de 17 anos, conhecida como Sãozinha, ferimentos noutras pessoas e inúmeras detenções.
O programa, ao qual a organização denominou jornada cívica, começa às 09:30 no cemitério da Lombada da Ponta do Sol, com uma homenagem às pessoas já falecidas que participaram na revolta.
A iniciativa inclui a colocação de um ramo de flores na campa da jovem, de seu nome verdadeiro Belmira da Conceição Gonçalves, sendo que os presentes são também convidados a acender velas nas sepulturas dos que participaram activamente na revolta de 1962.
Às 17:30, abre ao público a exposição 'A Revolta das Águas', no átrio do Solar dos Esmeraldos, uma mostra de imagem e texto dos momentos da revolta e o percurso até à devolução do direito à água de rega.
Meia hora mais tarde realiza-se uma missa na Igreja Paroquial da Lombada e, pelas 18:30, é inaugurada uma escultura alusiva à revolta, assim como a atribuição, ao largo junto ao templo, do nome "largo da Luta das Águas - 21 de Agosto de 1962".
"Mais de uma centena de pessoas subscreveu um abaixo-assinado, entregue na câmara da Ponta do Sol, a propor a atribuição do nome àquele espaço, que foi aprovado, por unanimidade", explicou Gabriela Relva, da comissão organizadora das comemorações.
As comemorações de terça-feira encerram às 19:00, com depoimentos sobre a revolta e canções alusivas à Sãozinha, mas o programa apenas termina no próximo fim-de-semana.
Nos dias 25 e 26 está previsto um acampamento para "reviver os acontecimentos de 1962", actividade que decorre no início da levada do Moinho, onde naquele ano, a partir de Maio, homens, mulheres e crianças "guardaram" a sua água até à repressão policial.
"Algumas pessoas que participaram na revolta vão passar lá à noite", adiantou Gabriela Relva.
A organizadora, irmã de Sãozinha, explicou à Lusa o objectivo das comemorações: "Para que a revolta não caia no esquecimento e continue viva na memória colectiva deste povo".
Gabriela Relva salientou que o propósito é, também, "repor a verdade dos acontecimentos", referindo existir, ainda, "muita deturpação em relação às reivindicações do povo".
"No fundo, é fazer justiça àquilo que aconteceu em 1962 e lembrar que, como há 50 anos a população se levantou na defesa da água, também, estaria disponível para o fazer hoje", garantiu. (diário)

Belmira da Conceição Gonçalves a "Sãozinha" foi assassinada em 1962
Gabriela Relvas a irmã da Sãozinha conta a história do assassinato da irmã

A luta pala água no Sítio do Espigão na Ribeira Brava em 2017



Sem comentários:

Enviar um comentário