domingo, 19 de abril de 2015

“Mesmo acreditando que não se muda nada, há que tentar.” diz o revolucionário Camilo Mortágua

Camilo Mortágua, o antifascista exilado no Brasil e em França, fundador da LUAR e que participou no Assalto ao Santa Maria, no desvio de um avião da TAP, no assalto à dependência do Banco de Portugal na Figueira da Foz

E o que Camilo Mortágua fez não é pouco, ele é um pioneiro nos métodos de acção e luta política. Integrou o assalto ao paquete Santa Maria, liderado pelo capitão Henrique Galvão, que conheceu em Caracas. Aos 27 anos, Camilo Mortágua integrava a Junta Patriótica Portuguesa e com Galvão funda a DRIL (Direcção Revolucionária Ibérica de Libertação). Em 1959, começaram a preparar o assalto ao Santa Maria. A “Operação Dulcineia” foi o primeiro acto de pirataria moderna. O paquete tinha 350 tripulantes, 600 passageiros, foi tomado por 24 homens, que o controlaram entre 22 de Janeiro e 3 de Fevereiro de 1961, quando desembarcam no Recife.


Viverá no Brasil até 1966, ano em que vai para Paris, onde um ano depois fundará a LUAR (Liga de Unidade e Acção Revolucionária), com Palma Inácio e Emídio Guerreiro. Mas logo em Novembro de 1961, mal chegara ao Brasil, vai a Marrocos onde a 10 de Novembro, com Palma Inácio, desvia o Super Constellation da TAP, do voo Casablanca-Lisboa, naquilo que é o primeiro desvio de um avião comercial de que há registo internacionalmente e que ficou para a história como a “Operação Vagô”. Sobrevoam parte do país e lançam 100 mil panfletos sobre Lisboa, Barreiro, Setúbal, Beja e Faro.
Mas o pioneirismo na inovação das formas de luta política não ficou por aí. Já em Paris, Camilo Mortágua, António Barracosa e Luís Benvindo entram clandestinamente em Portugal, em Maio de 1967, e fazem o que foi o primeiro assalto a um banco por razões políticas. O objectivo era financiar a LUAR e o assalto será reivindicado por Palma Inácio e Emídio Guerreiro em Paris. Escolheram a agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz, pois assim não roubavam o dinheiro do povo mas o do Estado fascista. Só que as notas roubadas ainda não tinham entrado em circulação e por isso a sua numeração era conhecida do Estado e o alerta que as inutilizou foi lançado. Não lhes serviu de nada. Camilo Mortágua conta que ainda chegaram com muitas a Paris, mas deixaram outras pelo caminho. Sobre a fuga que fez parcialmente a pé transportando os sacos de notas, ironiza: “Não há muita gente que tenha caído tantas vezes por terra com o peso do dinheiro sendo pobre.”
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