sábado, 28 de junho de 2014

A mentira do Mês


Dn/Lisboa edição 28 jun 2014

Agonia de uma Monarquia

A abdicação do rei de Espanha era esperada.

Pouco inteligente, corrupto, envolvido numa sucessão de escândalos, cúmplice de políticas repressivas, Juan Carlos de Bourbon foi o herdeiro da ditadura franquista, escolhido pelo Caudilho fascista para lhe suceder.

Ao transferir para o filho a chefia do Estado, milhões de espanhóis não esqueceram que na juventude jurou fidelidade ao regime.

A sua mensagem de renúncia, redigida num estilo imperial, é um modelo de hipocrisia. Apresenta o seu reinado de 39 anos como era de bem-estar e progresso, ocultando a realidade: um país afundado numa crise pantanosa, com a mais elevada taxa de desemprego da Europa, no qual as massas se manifestam quase diariamente contra o sistema que as oprime, semeando a desigualdade e a pobreza.

Não surpreende que os partidos que têm desgovernado o país, o PSOE e o PP, cúmplices de Juan Carlos, o elogiem na hora da abdicação.

Mas a imagem que fica do rei, no seu adeus, é tão sombria que até os órgãos de comunicação social que sempre o defenderam recordam hoje a podridão que envolve o herdeiro escolhido por Franco.

Pormenores de múltiplos escândalos são agora revelados e tema de críticas tardias: as contas bancárias na Suíça; os segredos de alcova; a solidariedade camuflada com a infanta e o genro, responsáveis pelo branqueamento de capitais e desvio de fundos públicos; a famosa caçada no Botswana acompanhado de uma princesa alemã; as suas ligações com grandes transnacionais.

Os povos da Espanha não esperaram pelo ato formal da abdicação para afirmar nas ruas a sua recusa da saída monárquica, apoiada pelos partidos do sistema.

Ontem mesmo foi convocada para a Puerta del Sol em Madrid uma primeira manifestação, exigindo a proclamação da Republica. Dezenas mais estão sendo convocadas em outras cidades.

A evolução da crise no país vizinho desaconselha previsões. As incógnitas são muitas.

Mas, como sujeito da Historia, caberá ao povo de Cervantes recolocar a Espanha num rumo que responda às suas aspirações.(fonte:Diário Info)

(Tempo das Cerejas)

«Falhou a organização dos portugueses, principalmente os partidos políticos. Falharam rotundamente. Os partidos acabaram por transformar-se em agências de empregos e agências de  conquista do poder pelo poder. Criaram um sistema em que vão das jotas ee começam a ter empregos assim que têm 20 anos, bem remunerados, muitos deles. Basta comparar os vencimentos dos assessores dos ministros com 20 e poucos anos com os de coronéis, professores universitários, médicos». (…) Fala-se no arco da governação e eu falo do arco do sistema . Todos eles estão interessados em manter o sistema porque lhes convém e por isso  é difícil dar a volta a isto.» 
Vasco Lourenço, em entrevista ao jornal «i»

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