sábado, 19 de abril de 2014

José`Manuel Coelho do PTP em entrevista ao Diário de Notícias do Funchal

“Eu sou o Mestre de Avis do século XXI”

“Eles estão a destruir as conquistas de Abril, o que está na Constituição”

José Manuel Coelho diz candidatar-se para defender a soberania nacional.
Entrevista a José Manuel Coelho
“Eu não me movo por esses interesses monetários”, diz.


Já foi ao Parlamento Europeu (PE)? Nunca fui. Conheço aquilo através da Internet.
Antes de aceder a ser candidato, o senhor disse que nunca poria os pés no PE. Mudou de ideias. Se for eleito, já considera pôr lá os pés? Sim, tem de ser, porque a minha presença lá é necessária. Eu sou uma oposição intransigente aos traidores da Pátria, aos traidores de Portugal.
A minha candidatura é diametralmente oposta à dos partidos do arco do poder, o PS, o PSD e o CDS. Eles defendem a hipótese de Portugal ser um Estado federado dentro da União Europeia (UE). Com isso, nós perdemos a nossa soberania política e económica e ficamos no controlo de um parlamento supranacional, dirigido  pela Alemanha, pelo grupo Bilderberg, pela maçonaria internacional...
Quando fala num parlamento, refere-se ao PE ou é uma forma de se expressar relativamente ao verdadeiro poder? Estou-me a referir às forças que controlam a Europa e não especificamente ao PE. O PE é um organismo decorativo e serve para fazer barulho, porque quem manda é a Comissão Europeia, composta por pessoas não eleitas.

Então porquê querer ir para um parlamento que é decorativo?
 É porque aí estamos sob os holofotes da comunicação social europeia e podemos denunciar o que eles querem fazer a Portugal.


Como é que a União Europeia se apossou na nossa soberania? Com o presente de milhões e milhões de euros para a modernização das nossas vias rápidas e de comunicação, no caso da Madeira para ao aeroporto e vias rápidas. Como não há almoços grátis, eles impuseram uma condição danosa para Portugal: quotas para a agricultura, pescas, pecuária... quotas para tudo. Desmantelaram a indústria naval, a siderurgia nacional, as grandes empresas de metalomecânica.  Portugal deixou de produzir para eles virem cá vender o que é deles.

O senhor é contra a existência da UE ou contra a forma como foi constituída a união?
Eu sou contra a forma como eles querem constituir esta UE.
Não contra uma união de estados soberanos, em que os estados mais ricos ajudam os mais pobres e os menos desenvolvidos.
Essa é a sua ideia principal para a Europa? Uma Europa solidária, a defender o estado social. Por exemplo: a UE manda a ‘troika’ para cá, por ordem dos grandes banqueiros internacional, e começa a desmantelar o estado social, a fazer como se faz nos Estados Unidos, onde quem quer ter reforma, saúde, tem de comprar seguro de saúde, de vida...
Eles estão a destruir as conquistas de Abril, o que está consagrado na Constituição, o que, curiosamente, é defendido pelos partidos do sistema. Por isso, são traidores à Pátria. O senhor Francisco Assis, Paulo Rangel, António José Seguro falam já abertamente sobre federalismo.


Nessa crítica deixa de fora o PCP e o BE? O PCP tem se oposto a essa ideia. Mas é preciso não esquecer que o PCP não está muito interessado em defender a soberania nacional. No que o PCP e o BE estão mais interessados é no dinheiro que vão agarrar com a eleição de deputados. Dinheiro para os partidos. Mas eu não me movo por esses interesses monetários.
A minha luta é diferente. É pela soberania nacional, pela afirmação de Portugal no Mundo, na Europa. Eles têm de nos ajudar e perdoar a dívida.
Enquanto falam em reestruturar a dívida, eu defendo ao contrário.

Nós não temos condições de pagar a dívida. Há dez anos a dívida nacional era de 93% do PIB, agora anda à volta de 130%. É impossível pagar. Não nos venham com reestruturações.


Por que é que nos devem perdoar a dívida, dinheiro que nos emprestaram? Por terem destruído a nossa economia. Ofereceram-nos um chouriço e agora levam o porco, passo a expressão.
Rebentaram com a nossa economia, da forma que já referi, e depois as grandes multinacionais europeias viram cá vender os seus produtos. O dinheiro foi saindo e chegou a uma altura em que não há dinheiro nenhum. Isso é uma traição ao País.
Lembre-se do caso do eng.º Sócrates, que só tinha 800 milhões de euros em caixa, mas não dizia nada a ninguém. Falava de voz firme a dizer: vamos construir um aeroporto, o TGV... coisas assim disparatadas. Depois teve de ir pedir esmola à UE. Eles vieram por aí para cá, a ‘troika’ arrogante, a mando dos banqueiros alemães, fazer auditorias: quantos funcionários é que vocês têm? Isso é muito. Quanto é que eles ganham? Têm de ganhar menos. Quantos reformados têm? Isso é muito, têm de pagar menos.



Eles vão impondo directivas....
Não identifica nada de bom que resulte da adesão do País à UE? A única coisa de bom, que eles nos trouxeram, foram as vias rápidas e as vias expresso , mas destruíram a nossa economia, ao indicarem os modelos, que havia lá fora, as parcerias público-privadas. Modelos do Reino Unido, Alemanha: ‘os grandes bancos dão-vos o dinheiro e depois vocês entendem-se com eles’.
Veja o caso da Fertagus, que foi um exemplo abordado pelo juiz Carlos Moreno, no livro Saiba como o Estado Gasta o Nosso Dinheiro. Havia um contrato leonino em que o Estado pagava se a empresa não conseguisse a receita esperada. É o mesmo que acontece com as vias rápidas. São milhões, milhões e milhões.
Nesta campanha, quem é o seu adversário principal, com quem vai disputar a possibilidade de ser eleito, Marinho Pinto? Não, não, não, não. A candidatura dele é uma candidatura obscena, porque esse homem não é digno de crédito.
Por fazer elogios na Madeira? Sim, ele elogia o Alberto João, diz que o Governo dele é um exemplo para o País, o regime mais corrupto da Europa, que só tem paralelo na Camorra de Nápoles...



Mas ele não vai tentar conquistar um eleitorado que o senhor também vai disputar?Não, porque ninguém acredita nele. Ele faz as críticas aos juízes e depois telefona, que eu sei, aos juízes e diz: olhe que isto não é para si. Ele é um homem que faz o jogo do sistema, que é: não vão votar que é para os partidos não receberem dinheiro. Ele apelou à greve ao voto. Cada voto que forem dar é três euros que os partidos vão receber. Ele agora apresenta-se como candidato por um partido. Isso é um homem digno, isso é um homem!
Ele faz um jogo da direita, do capital. Quem é que vota para o PE? São as máquinas dos partidos, as pessoas que andam arrebanhadas pelos partidos, pelos caciques, e os velhinhos que eles vão buscar, os incapazes, que estão nos asilos...
As vítimas destas políticas, os desempregados, os que estão a passar fome, não votam, não querem votar. Essas pessoas fazem mal porque, ao não votarem, esses votos, que são arrebanhados pelas máquinas dos partidos, asseguram a sobrevivência do sistema.
Quase 50% dos portugueses não vão votar. É um erro, porque isso é o apelo do Marinho Pinto. Mas a minha mensagem é outra. Vão votar, votar no Coelho.
Os principais adversários são os do arco do poder, que referiu? Sim, porque são traidores à Pátria.
Uma das razões que o senhor alegou para não aceitar o desafio era ter de ir fazer campanha para o continente. Quantas vezes lá irá? Vou todas as vezes que ferem necessárias. Esses partidos do sistema estão a enganar o povo...

Não me consegue dar um número?
 Umas quatro a cinco vezes. Vou ao Porto, à região centro, ao Sul e vou ver se vou aos Açores. Também tenho lá camaradas que me apoiam e vamos conseguir uma grande votação. Eu vou defender os Açores também. A Madeira e os Açores.
E, veja uma coisa, aponte aí. Eu sou o Mestre de Avis do século XXI. Pode crer. Em 1383, tinha morrido o rei D. Fernando e não havia filho varão. O rei de Castela ia herdar o trono de Portugal. O clero e nobreza iam vender a soberania de Portugal, em troca de honrarias. Então o povo miúdo juntou-se ao Mestre de Avis e resgatou a soberania. Daqui nasceram os mais ilustres portugueses de que há memória.
Eu sou o Mestre de Avis do século XXI, para defender a soberania nacional, porque os outros partidos do sistema já traíram a soberania, em honra do dinheiro.

Se for eleito, fica todo o mandato ou só uns meses e depois dá o lugar a Amândio Madaleno?
 Eu vou ver. Se for necessário, fico o mandato todo. Isso é uma coisa que logo se vê. Isto é como o Sporting e o Benfica: primeiro ganhar o campeonato e depois logo se vê.
O relevo da pergunta vem do facto de parecer que Amândio Madaleno, que era cabeça-de-lista e agora número dois, se quer aproveitar da sua notoriedade para ir para o PE. Ele desta vez vai ‘trincar’ alguma coisa? Não senhor. Temos um acordo que o dinheiro... vamos ter assessores da Madeira. Temos assessores. Quando eu for eleito, já tenho pessoas da Madeira competentes poliglotas, que sabem três, quatro línguas, que vão lá estar para me ajudar e pôr a par dos dossiers que é necessário conhecer, na defesa da Madeira e de Portugal.
Tem consciência de que no PE não pode ter o mesmo estilo que tem na ALM, lá é mais condicionada a actuação? Não. Isto aqui é um parlamento de terceiro mundo, eu lá vou para um parlamento civilizado. Mas, se for preciso para fazer ouvir a voz dos madeirenses e dos portugueses, eu faço os sketches, nem que seja preso em Estrasburgo.

Sabe que é possível, até porque já aconteceu algo parecido, com o presidente do PE a ordenar a retirada de deputados pelos seguranças?
 Eu vou resistir a esses seguranças porque eles são traidores a Portugal. Primeiro os portugueses.
Como é que, neste espaço de campanha, vai chamar a atenção para a sua candidatura?Eu sou aceite nas feiras....
Refiro-me ao ganhar espaço nos órgãos de comunicação. Nós temos os tempos de antena nacionais. A minha mensagem é clara e incisiva: os portugueses têm de optar entre os traidores do País e da Pátria, e a defesa da soberania do País e as conquista do 25 de Abril.
Isso é o conteúdo político da sua mensagem. Pergunto sobre a forma de fazê-la chegar aos portugueses. Naturalmente que a minha forma de levar a mensagem não é fácil, porque os grandes grupos económicos controlam a comunicação social e tudo vão fazer para diminuir o impacto da minha mensagem. Mas eu vou conseguir e os portugueses vão compreender.
Eu vou apelar sobretudo a quem não vai votar, a quem está desiludido, para que não vá na conversa do Marinho Pinto, não acreditem nisso. Ao não irem votar, facilitam a vida ao grande capital, aos traidores da Pátria. Porque quem iria votar seriam os traidores da Pátria, as máquinas dos partidos, os caciques dos partidos... Eles deviam abster-se se a minha candidatura não aparecesse, mas como apareceu, devem votar no Coelho.

Qual é o seu objectivo em número de votos?
 É preciso, pelo menos, cem mil votos e eu penso que vou conseguir.
Quantos teve nas presidenciais? 180 mil.
Mesmo que perca uma boa percentagem... Ainda era eleito. Penso que é um objectivo perfeitamente alcançável. (disponível para assinantes)


Eia Avante portugueses

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