sábado, 29 de março de 2014

Alfredo de Sousa o reitor que desmascarou Cavaco Silva

Alfredo de Sousa (1931-1994)

Em 1931 nascia Alfredo de Sousa, com o destino de mudar o rumo do ensino da Economia e da Gestão em Portugal. 
Com o ingresso na licenciatura em Economia do Instituto das Ciências Económicas e Financeiras (ISCEF – hoje, ISEG), começa-se a vislumbrar o perfil de excelência que viria a marcar de forma inequívoca a economia portuguesa.

Forma-se com uma excepcional média de 16 valores, recebendo prémios pela sua prestação em várias cadeiras e a distinção de melhor aluno do curso. Torna-se assistente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, até 1964, altura em que decide enveredar pelo doutoramento em Paris, onde mais uma vez obtém uma classificação extraordinária: 20 valores.
Quando regressa de França, assume o cargo de Professor Extraordinário no ISCEF, onde incentiva vários dos seus alunos a efectuar o doutoramento no exterior. Entre esse conjunto de alunos estavam Miguel Beleza, Manuel Sebastião, João Costa Pinto e Abel Mateus. Outro destes seus alunos era António Borges, que afirmou em entrevista recente ao Expresso que com isso “deu um enorme empurrão à economia portuguesa”.
Em 1973 entra como Professor Catedrático no ISCTE, sendo igualmente nomeado vogal da Comissão Instaladora da Universidade Nova de Lisboa. Dois anos depois, passa a dedicar-se exclusivamente à Universidade Nova de Lisboa, como Professor Catedrático, presidindo em 1977 à Comissão Instaladora da Faculdade de Economia daquela universidade. Da mesma Comissão faziam parte Aníbal Cavaco Silva, Abel Mateus, José António Girão e Manuel Pinto Barbosa. Foi Director daquela escola entre 1979 e 1982.
A criação da Faculdade de Economia surge da visão do Professor Alfredo de Sousa de renovar o ensino da Economia e da Gestão em Portugal, fugindo à explosão dos ideais no pós-25 de Abril. Recruta as pessoas que havia incentivado a doutorar-se no exterior, reunindo massa crítica para desencadear um processo de profunda inovação. Lança o primeiro programa de doutoramento em Economia em 1978 e o primeiro MBA em 1980. A Faculdade de Economia foi, de resto, o projecto que mais acarinhou.
Uma personalidade controversa
Alfredo de Sousa não era conhecido por ser ágil nas relações humanas, mas os que melhor o conheceram concordam que as mesmas características que o tornavam por vezes difícil eram igualmente as que faziam dele um grande homem. Dos traços mais marcantes, António Pinto Barbosa destaca coragem, frontalidade e o espírito de iniciativa que fazia dele um impulsionador. Recorda ainda que “muitas vezes entrava em conflito com as normas”, contornando-as em prol de fazer avançar um projecto. A sua grande luta era, como dizia, “contra a omnipresente burocracia vigente”.
Como Director da escola, era frequente ter discussões vivas com o que chamava “lobby dos associados” (Diogo Lucena, Fernando Brito Soares, Manuel Pinto Barbosa, António Pinto Barbosa, Miguel Beleza – todos professores doutorados naquela altura), discordando muitas vezes da visão mais liberal e anglo-saxónica dos docentes formados nos EUA, que tentavam imprimir uma maior dinâmica no ensino. Contudo, manifestou sempre abertura e uma grande capacidade de encaixe, permitindo que a Faculdade de Economia fosse evoluindo e melhorando.
António Pinto Barbosa recorda Alfredo de Sousa como “uma pessoa duma ombridade extraordinária”, com um culto pelo esforço e pelo trabalho. Já Fernando Brito Soares, também Professor na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, destaca a sua força de vontade e necessidade de completar tudo a que se comprometia, sempre assertivo e com respeito pelos outros. Normalmente afável, só a incompetência, o desleixo e a completa falta de rigor e exigência irritavam verdadeiramente Alfredo de Sousa. E quando não suportava uma situação, tinha sempre coragem para o dizer. O Professor Brito Soares lembra mesmo uma ocasião em que, quase em ruptura com o então Ministro da Educação, devido à burocracia relativa a um projecto da Faculdade, terá mesmo ameaçado demitir-se caso não fossem eliminados os procedimentos burocráticos.
A 3 de Novembro de 1994, Alfredo de Sousa foi mortalmente atropelado quando atravessava numa passadeira. O seu falecimento foi um choque para todos os que o conheciam e que foram tocados pela marcante personalidade daquele que foi, sem dúvida, uma figura ímpar da sociedade portuguesa. (fonte)

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