sábado, 15 de fevereiro de 2014

Pravda-ilheu solidariza-se com o 83º aniversário do Avante jornal irmão

o último jornal clansdestino (antes do 25 de Abril)
jornal Avante! é um órgão oficial do Partido Comunista Português. Começou a ser publicado na clandestinidade em 15 de Fevereiro de 1931, com saída irregular, sendo que a partir de 1941 começou a ser editado com mais regularidade, pelo menos uma vez por mês. Em 17 de Maio de 1974 foi publicado o primeiro número fora da clandestinidade, tendo passado a ser semanário desde essa data.
o primeiro jornal editado em 1931

Avante!, Série I, n.º 1 (15 Fev. 1931);


Defender o Avante! com a vida
No ano em que se cumpriram 60 anos sobre o seu brutal assassinato, na sede da PIDE, o Avante!evoca José Moreira, destacado construtor deste jornal, ao qual consagrou a sua vida. O trabalho que hoje fazemos, semana após semana, para fazer do Avante! um jornal cada vez melhor e mais lido, é também uma homenagem a este revolucionário dedicado e exemplar.
Quando foi assassinado, na tortura, a 23 de Janeiro de 1950, o comunista José Moreira tinha a responsabilidade pela ligação com as tipografias clandestinas do Partido. Ao assaltar a sua casa, em Torres Novas, no seguimento de uma denúncia, a PIDE sabia quem acabara de capturar. Recorrendo às mais atrozes violências, tentou arrancar-lhe a localização das tipografias, um dos alvos preferenciais da repressão. 
Mas José Moreira defendeu o seu mais precioso segredo e, com ele, o seu Partido e nada disse. Foi torturado até à morte. Tinha 38 anos.
Tentando encobrir mais este odioso crime, a sinistra polícia tentou encenar um suicídio, atirando o corpo já sem vida de José Moreira de uma janela da sua sede, na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa. Mas os golpes no corpo e o rosto desfigurado deixavam claro as violências que sofrera. 
Ao dar a vida para defender o Partido e o seu aparelho clandestino de imprensa, o nome de José Moreira figura na heróica galeria de mártires comunistas, ao lado de Bento Gonçalves, Militão Ribeiro, Alfredo Dinis (Alex), Ferreira Soares, Alfredo Caldeira ou José Dias Coelho.

Um revolucionário exemplar

Nascido em 1912 em Vieira de Leiria, José Moreira mudou-se, mais tarde, para a Marinha Grande para trabalhar como operário vidreiro. É na fábrica que forma a sua consciência política e de classe, moldada pelas duras condições de trabalho e pelo espírito e tradição revolucionários do operariado local – o mesmo que, a 18 de Janeiro de 1934, ousou desafiar a ditadura e tomar o poder na vila, ainda que por algumas horas. 
Em 1945, tornou-se funcionário do Partido, passando a trabalhar no aparelho de imprensa. Tratava-se de uma tarefa árdua e complexa a necessitar de uma dedicação ilimitada e da máxima criatividade, fundamental para ultrapassar todos os obstáculos que se colocavam à impressão e distribuição do Avante! e da restante imprensa clandestina.
Em primeiro lugar, havia que arranjar papel e tinta (cuja venda a PIDE chegou a limitar e vigiar) e distribuí-los pelas diversas instalações. Depois, era necessário receber, da direcção do Partido, os textos e entregá-los nas tipografias para serem impressos. O último passo era levar os jornais, boletins e manifestos e fazê-los chegar à organização do Partido e, por seu intermédio, aos trabalhadores e ao povo. A realização destas tarefas exigia muito trabalho: múltiplos encontros, longas deslocações, a máxima discrição e sigilo e um respeito estreito pelas regras conspirativas. A tudo isto José Moreira se dedicou de forma exemplar.
A entrega dos materiais impressos para distribuição era feita, por razões de segurança, em locais distantes quer das tipografias quer das regiões a que se destinavam e as viagens fê-las, tantas vezes, José Moreira de bicicleta. Por mês, chegava a percorrer 2 500 quilómetros na sua bicicleta, carregando grandes cargas.
O sacrifício, empenho e disponibilidade revolucionária que empenhou nesta tarefa fazem de José Moreira, Linode nome clandestino, um exemplo de militante comunista. Diz quem com ele conviveu que devotava muitas das suas energias ao acompanhamento, apoio e estímulo àqueles que trabalhavam no isolamento das tipografias. 

O coração da luta popular

«Uma tipografia clandestina é o coração da luta popular. Um corpo sem coração não pode viver.» Era desta forma notável que José Moreira concebia a tarefa que tão ardentemente desempenhou até ao último dia da sua vida.
E tinha razão. Era o Avante! e só ele que levava ao povo português, explorado e oprimido pela ditadura e pelos senhores que esta servia, a denúncia, a explicação e o estímulo; só ele rompia a censura e chegava a muitos milhares de mãos, apesar dos perigos; só ele semeava a revolta e a transformava em luta. 
Por esta razão, a PIDE fazia da caça às tipografias uma das suas actividades prioritárias. Por vezes, atingia o seu objectivo. Quando tal sucedia, o fascismo rejubilava. Mas por pouco tempo, pois o Avante!, impresso noutra tipografia que entretanto entrara em funcionamento, saía para as ruas.
Fruto da reorganização e das medidas de organização e defesa entretanto tomadas, o Avante! sairia ininterruptamente entre Agosto de 1941 e Abril de 1974, sempre composto e impresso no interior do País. Na década de 40, durante as grandes lutas operárias que então se travavam, a tiragem atingiria uns impressionantes 10 mil exemplares, apesar de nunca durante a luta clandestina os efectivos do Partido terem superado metade desse número.

Um herói do Partido 

Não há edição ou brochura do Partido dedicada à sua história que não considere José Moreira um dos seus heróis. O seu nome figura na brochura clandestina editada por ocasião do cinquentenário do PCP em 1971, intitulada Heróis da Luta. No próprio Avante!, ao qual consagrou o melhor das suas energias e capacidades e em defesa do qual acabou por morrer, surgem ao longo dos tempos várias referências à sua vida e também à sua morte. Em Agosto de 1950, considerava-se nas páginas do órgão central do Partido que «a melhor homenagem que lhe podemos prestar é levar o Avante!, o seu Avante!, a todos os recantos do País». 
Poucos meses depois, em Janeiro de 1951, assinalava-se o primeiro aniversário do seu assassinato – num artigo dedicado também a Militão Ribeiro, morto, também ele, dias antes. Nesse texto, realçava-se que José Moreira morrera «para que o Partido viva». Nos anos seguintes, na edição de Janeiro, não se deixou cair no esquecimento esta vida dedicada ao Partido que a brutalidade fascista levou antes de tempo.
Também em Agosto de 1961, na edição que assinalava o 30.º aniversário do Avante!, se evocou José Moreira. Pela primeira vez, o rosto daquele heróico militante comunista foi conhecido, graças a uma gravura publicada nessa edição, saída das mãos habilidosas de José Dias Coelho.
A 31 de Janeiro de 1950, poucos dias depois do assassinato de José Moreira, o Comité Provincial do Oeste do PCP emitia um comunicado intitulado Os bandoleiros da PIDE assassinaram o operário José Moreira! Protestemos energicamente contra mais este crime cometido na pessoa dum dos melhores filhos da classe operária. Nesse comunicado, apelava-se à paralisação do trabalho nas fábricas da Marinha Grande e ao encerramento do comércio como forma de protesto por mais este crime do fascismo e de exigência de castigo dos assassinos. A realização de inscrições «por toda a parte» e o envio de cartas e telegramas às autoridades eram as outras formas de protesto sugeridas. (Avante)"
A revolta do 18 de Janeiro de 1934 surgiu como movimento nacional de contestação à ofensiva corporativa contra os sindicatos livres, por força do recém-publicado “Estatuto do Trabalho Nacional e Organização dos Sindicatos Nacionais”, em Setembro de 1933, pelo Estado Novo.

O movimento saiu para a rua e desenrolou-se, embora desarticulado. Contudo, a falta de apoio militar e a fraca adesão e repercussão nacional condenou-o ao fracasso.

Registaram-se greves gerais de caráter pacífico em Almada, Barreiro, Sines, Silves, e manifestações operárias, mais ou menos violentas na Marinha Grande, Seixal, Alfeite, Cacilhas e Setúbal.


Foram sabotadas estruturas de transportes, comunicações e de energia entre Coimbra e o Algarve, com destaque para Leiria, Martingança e Póvoa de Santa Iria. Registaram-se confrontos armados com forças policiais em Lisboa e Marinha Grande, onde o movimento atingiu grandes repercussões.

Quando, em finais de 1933, se iniciaram os preparativos da insurreição e Greve Geral nacional do dia 18 de Janeiro de 1934, o centro industrial vidreiro da Marinha Grande não ficou de fora.

Em articulação com as organizações sindicais nacionais, o movimento foi liderado por José Gregório, Teotónio Martins, Manuel Baridó, António Guerra, Pedro Amarante Mendes, Miguel Henrique e Manuel Esteves de Carvalho.

Entre a meia-noite e as duas da manhã do dia 18 de Janeiro de 1934, vários trabalhadores da Marinha Grande, na sua maioria vidreiros, reuniram-se em Casal Galego.

Estavam munidos de ferramentas para corte de árvores e vias de comunicação, de espingardas, revólveres, pistolas e bombas. Organizaram-se em brigadas e receberam instruções por parte dos dirigentes do movimento. Cortaram as estradas de acesso à Marinha Grande e a via-férrea.

Ocuparam a Estação dos Correios e Telégrafos e o Posto da GNR, com a consequente rendição e desarmamento dos soldados da Guarda Republicana e distribuição de armas pelos revoltosos.

Foram assim criadas condições para que se pudesse realizar a paralisação geral do trabalho na manhã do dia 18 de Janeiro. Porém, o movimento foi contido logo ao início da manhã. Os insurrectos foram surpreendidos com a chegada à Marinha Grande das forças policiais vindas de Leiria. Seguiram-se o Regimento de Artilharia Ligeira 4 e do Regimento de Infantaria 7.

Os revoltosos ainda resistiram, mas, pela manhã, as autoridades tomaram a cidade, onde declararam o estado de sítio.

Mandaram encerrar as fábricas, iniciando as buscas e detenções daqueles que participaram no movimento, gorando o objectivo da paralisação geral do trabalho.

O número de detidos terá ascendido, a 131 pessoas. 45 revoltosos foram processados e condenados ao desterro pelo Tribunal Militar Especial, com penas entre 3 e 14 anos de prisão e ao pagamento de pesadas multas. [Ver]
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No dia 18 de Janeiro de 1934, a classe operária e o povo da Marinha Grande tomaram o poder na vila. Nas primeiras horas da madrugada, a estação dos Correios e o posto da GNR foram ocupados e os acessos cortados. A bandeira vermelha ondulou na vila vidreira e foi decretado o soviete. Mas, ao contrário do que esperavam os organizadores do levantamento, o gesto não se repetiu no resto do País e o movimento foi facilmente esmagado pela repressão fascista. Apesar de vencida, a revolta dos operários marinhenses permanece como um exaltante exemplo de heroísmo da classe operária portuguesa, que permanece até aos nossos dias.
As reformas chorudas dos políticos portugueses
«As ruas de Detroit são a verdadeira face do capitalismo. Revelam a sua natureza depredatória, a sua tendência patológica para crescer e se destruir. Como Cronos, que comeu os seus próprios filhos, também o capitalismo arruína as suas próprias fábricas e engole as cidades que mandou erguer. E como Cronos, também o capitalismo devora a sua prole. Porque no seu âmago sabe, que um dia e mais cedo que tarde, serão os seus filhos a pôr fim aos dias do seu império.»


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